Só Breves Momentos

Eu queria viver de adrenalina, frio na barriga e gravidade zero. Viver só daqueles momentos nos quais parece que o mundo desaparece, é só você, e o que mais você queira que exista, quer tal coisa exista ou não. Aquele sentimento de querer girar em volta de si mesmo, olhando para cima, gritando contra a direção da chuva pesada que cai. Aquela sensação de que você está sonhando. Aquela vontade de cantar. Bem alto. Sem medo de desafinar.

Eu queria viver só cenas de cinema, sejam elas felizes ou trágicas. Porque todo final é feliz. Se não é feliz, não é o final. Meio termo não faz ninguém feliz, não eu, quero extremos. Quero viver o momento. Rolando de dar gargalhadas ou tentando conter lágrimas. Ou deixando-as rolar. Mas nunca chorar pelo que não faço. Chorar pelo que não alcancei ao tentar.

Eu queria entender tudo que meu coração me diz. E seguí-lo, cegamente. Pois as vezes em que segui a razão, me arrependi. As vezes que segui o coração, nem sempre foram bem sucedidas. Mas destes erros, eu jamais me arrependerei. As lembranças que ficam são as partes boas. E essas são, realmente, as que doem mais.

Eu queria não ter medo de errar. Nunca. Não remoer cada piso em falso. Eu queria não ter o poder de machucar as pessoas. Assim, não precisaria medir os meus atos. Medo de me machucar, eu não tenho.

Não queria ser feliz o tempo todo. Pelo contrário. Queria viver o sofrimento, de verdade. Pra depois ser mais feliz que nunca. Viver aqueles momentos... o alívio ao receber uma boa notícia, os segundos antes de um beijo, os abraços demorados de um amigo, o êxtase de matar a saudade. A exaltação do novo, do instantâneo, do perfeito. Por que nada é perfeito, apenas momentos. Breves momentos.