Pequeno Alessandro era uma criança feliz. Sua mae lhe dera um Playstation de presente. O sol brilhava lá fora, e o pequeno Alessandro exercitava incansavelmente seus dedos dia após dia. Todos aplaudiam e se admiravam com a destreza de seus movimentos.
Um nao tao belo dia, enquanto se preparava para mais uma maratona no videogame, o garoto viu algo que nao esqueceria facilmente: calabouços, fortalezas, artefatos e armas mágicas, e uma princesa chamada Zelda. “Mano! Eu quero este jogo!”, disse o pequeno Alessandro atônito em frente à televisao. Seus ágeis dedos tremiam sob a perspectiva de sentir a vibração de tao excitante aventura.
Nao teve a coragem, porém, de pedir à sua mae. Afinal, acabara de ganhar um Playstation. Mas o desejo tomava a alma de pequeno Alessandro, e a oportunidade apareceu. Um vizinho vendia um Nintendo 64 por apenas setenta reais. Pequeno Alessandro economizou por meses. Finalmente, com uma só martelada espatifou seu porquinho de cerâmica cor-de-rosa, juntou um saco de moedinhas e foi à casa ao lado em busca de seu sonho.
Com um sorriso de orelha a orelha, entrou triunfante pela porta da frente, carregando sua própria princesa Zelda, que a tanto custo resgatara: o console Nintendo. Nao muito mais durou a felicidade do pequeno Alessandro. Corou as morenas bochechas respondendo à pergunta de sua mae: “Eu comprei do vizinho, mano.” Furiosamente a maldosa mulher tirou Zelda de seus braços e devolveu-a ao seu calabouço na casa vizinha, de muros tao altos. Com este mesmo gesto, aprisionou o pequeno Alessandro a uma ilusao.
O pobre menino nao comia, nao dormia, nao mais exibia suas incomparáveis habilidades no joystick. O pequeno Alessandro apenas observava, apático, a vida fluindo a sua volta. Sua costumeira energia minguava, até afogar-se por completo nos olhos de um pequeno menino desiludido.
(Continua...)
4 comentários:
O pequeno Alessandrojá leu tais linhas?
Como sempre, seua imaginação extrapolou os limites do tempo...
Esperamos mais...cenas do próximo capítulo.
Se cuida...beijos
gente do céu.. que mãe arretada essa, hein?! era só um nintendo 64, quase a mesma coisa que um celular ericsson tijolão que hoje custa menos de 1 real.
Você conseguiu retratar o meu sentimendo de quando eu criança !!!! perfeito !!!!!
Genial, Carol!!!! Adorei o seu texto: engraçadamente poético e viajandão nas medidas certas. Realmente você não precisa (nem deve) beber, pois deve ter caído em algum caldeirão quando era pequena...
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