As lágrimas tentam abrir caminho, não sei por quê. Não posso deixá-las passar.
Acabei de assistir Brokeback Moutain com a minha mãe – definição da homofobia, ou não. “Não é natural”, é o que ela e meu pai dizem. Com ele não arrisco discutir, para então ouvir um discurso infindável a respeito. Para ela, já expliquei que existe homossexualidade na natureza. Não, não anseio mudar a opinião de uma mulher de 50 anos.
Que droga é essa de preconceito, afinal? Droga, fiquem quietas, lágrimas! O ser humano é cheio de defeitos, como a ambição e o egoísmo. Mas esses eu consigo entender. Trata-se do bem-estar próprio, de tentar assegurar a si algo que aparentemente diminui ao ser dividido. Consigo buscar as raízes disso.
Mas e o maldito preconceito? Ele baseia-se num bem-estar ilusório! Numa “limpeza” puritana da sociedade, numa proteção do inofensivo! Noção falsa de superioridade? Há pessoas que convivem com o mais pobre, hoje também com o negro, o índio. Sim, elas se consideram superiores a eles. Expliquem-me os psicanalistas, antropólogos, evolucionistas e católicos. Não vou entender essa praga que com certeza existe em algum lugar dentro de mim também.
Como, em qualquer sociedade dita digna, o casamento gay pode ser inconstitucional? Meu deus, com letra minúscula! Cada vez mais me sinto na idade média! Se a droga da igreja não consegue acabar com as camisinhas, por que essa mentalidade é tão forte em tantas pessoas? Não é mais a igreja (tudo com letra minúscula!). É essa cultura, que não é novidade pra ninguém, eu sei, mas que me dá o direito de me revoltar e me perguntar por que. Não me responda. Essa pergunta é só uma súplica. Essas palavras foi o que deixei sair, no lugar das lágrimas.
Gotas de sal... Posso não entender o que estas querem, de onde vem, por que invadiram meus olhos agora. Mas as palavras, sim, eu entendo. E foda-se qualquer por-que errado que tenha saído no caminho, não chorei letras de raiva. Só palavras.
Um comentário:
talvez se a gente se colocar no lugar de alguém que se diz homossexual, aí sim vai dar pra ter certeza se é um troço bom ou não. acho que nenhum psiquiatra consegue explicar porque alguém decide dizer que é uma pessoa, mesmo tendo nascido pra ser outra. e, às vezes, as pessoas não falam por pré-conceito, pelo contrário, alguns fazem uma análise profunda das conseqüências de um casamento entre dois homens, tanto pra eles como para a futura família. por exemplo, eu fui criada praticamente só por minha mãe, e sinto falta pra caramba de um homem em casa. então.. vai saber como vai crescer um filho no meio de um casamento 'gay'. só comentando. um abraço, Carol!
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