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esse blog não foi feito para você entender; sequer para você ler.

domingo, setembro 24, 2006

Superficial

É verdade, não escrevo ficção. Mas também nada que escrevo é auto-biográfico. A realidade é que é tudo uma ficção do real. É uma bipolaridade do eu, um lado que vive, outro lado que escreve. Um lado que ama, sente, sofre... Outro que se aproveita dos sentimentos para criar encadeamentos de palavras que para ele não têm significado algum, talvez.
Mas eu sou os dois, e para mim elas significam. Não significam algo, apenas significam. Pois é isso que palavras fazem. O autor as molda, mas não lhes dá significado. Nem quem as lê. Elas o têm por si sós. Quem escreve e quem lê apenas abstrai o siginificado.
Mas não, ninguém conhece todos seus segredos. Se fosse possível conhecer a fundo a personalidade e o temperamento de cada palavra, se autor e leitor tivessem esse profundo conhecimento, a mensagem seria exata. Um entenderia exatamente o que o outro quis dizer. Domaríamos as palavras. Transformaríam-se em um mero e exato código.
Não, não quero domá-las. Não quero que ninguém o faça. Pois a beleza nas palavras é o ser entendida - jamais compreendida. Por isso o que escrevo não é profundo. É superficial. A verdade por trás das palavras é densa e opaca... Podemos mergulhar de cabeça, mas a tensão superficial não nos deixa passar. Só podemos realmente compreender as palavras quando já estivemos além delas, vivenciamos o que elas deveriam nos dizer. Palavras não são espelhos, mas refletem. E o ser humano adora ver o reflexo de sua própria face.

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