pergunta-me por que escrevo? pois escrevo pra esquecer.
o sol entrou pela janela e me acordou essa manhã, o mesmo sol que não passou pelas suas cortinas. mas você mesmo assim acordou, tomou seu café frio com quatro colheres de açúcar e pegou o ônibus, atrasado. você tropeçou no degrau da entrada do prédio e entrou na sala de aula batendo a porta atrás de si, sem querer. faltavam só alguns minutos para o intervalo, quando você saiu, encontrou um amigo no corredor, xingou um professor, pensou na namorada, achou uma moeda de vinte e cinco centavos. você ignorou os quinze minutos que se passaram e continuou parado no hall. discou um número no celular.
e foi nessa hora que eu desci as escadas e me perguntei se deveria, mais uma vez, dar a volta no prédio pra não te encontrar. não tive a coragem de ser tão covarde. você esperava uma resposta do outro lado da linha e me viu. me disse um oi silencioso, um beijo no rosto, rosto seu que nem olhei uma segunda vez. caminhei mais rápido, me distanciando. e percebi que nunca estive e nunca poderia estar novamente tão distante quanto quando nossos poros se tocaram.
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